8 de novembro...

Ela acorda.
Percebe que ainda é cedo. Olha o relógio. São 05h40m da manhã. Se aborrece, pois não entende porque acordou naquele momento se não tem nenhum compromisso pela manhã para fazê-la levantar-se tão cedo. Vira-se para o outro lado. Tenta dormir ao menos mais duas horas. Droga! Hoje é 8 de novembro! Seu dia! Será que não pode levantar tarde nem no dia de seu aniversario? Embora tenha sono, ela não consegue dormir. Seu telefone alerta a chegada de uma mensagem. É Clécia, amiga da turma do segundo grau, que todos os anos é a primeira a parabenizá-la por seu aniversário. Passa-se mais alguns minutos e chega outra mensagem. É Karine que lhe deseja saúde, felicidade e muitas risadas. Depois de algum tempo, finalmente a aniversariante adormece. Mas, é despertada pela mãe que bate na porta do quarto gritando por sua irmã: “Carol! Abre aqui!”. A irmã acorda e abre a porta. A mãe entra e pega o que queria. Sai e deixa a porta aberta. Mas a cada cochilo da aniversariante, a porta bate e a desperta. QUE INFERNO!!! Ela desiste. É melhor se levantar.
Antes de levantar-se ela mira dois retratos seus ao lado de sua cama. Ao ver o rosto da criança fotografada, ela se enche de saudade da infância. Sabe que hoje é um dia de refletir sobre a própria vida. Levanta-se. Vai ao banheiro. Antes de escovar os dentes, mira-se no espelho e dá de cara com uma mulher. Pensa nas fotografias antigas e se pergunta onde está aquela menininha. Provavelmente, perdida dentro daquele corpo de 26 anos.
Vinte e sei anos...JÁ? Embora seu rosto não aparente esta idade (é o que lhe dizem a maior parte de seus amigos), ela se surpreende com o passar do tempo: “Um dia desses eu tinha 15 anos...”. Lava o rosto e se dirige a cozinha. Seu pai e irmãos não estão em casa. Sua mãe rega o jardim. Sua irmã entra na cozinha, abraça-a e parabeniza. A aniversariante lembra de sua ansiedade para a chegada de seu aniversario, no entanto, não sente a alegria esperada. Em seu íntimo há um vazio. Algo lhe falta, mas ela não sabe o que é. Após o café, vai falar com a mãe. Percebe que esta esqueceu a data. Tudo bem! Não há necessidade de lembrá-la!
Nove horas, a aniversariante avisa: “Mãe, vou ao mercadinho.”
“Fazer o quê?”
“Vou comprar pipoca, guaraná e vinho, caso venha alguém aqui.”
“Oh, meu Deus! É o aniversário de minha filha!”
. A mãe a abraça e deseja-lhe tudo o que as mães desejam aos filhos. Enquanto caminha com a irmã, a aniversariante tenta pensar em si mesma. Encontra uma amiga. “Parabéns Ró!”. Conversam. De repente aparece um amigo que também está aniversariando. Eles trocam abraços e parabéns. Todos se despedem e cada um segue seu rumo. Chegando em casa, ela vai tomar seu polivitamínico. Ela tem uma certa dificuldade de engolir comprimidos e drágeas. Resolve mastigar. “Morrer engasgada no dia do aniversário, não rola!”, e percebe que hoje, ela sente mais medo da morte, pois o passar do tempo as aproxima.
A manhã se passa rápido e nossa aniversariante vai trabalhar. É recepcionada com alegria. Como lhe havia prometido na véspera, Falca faz a dancinha engraçada pra ela, que se diverte com a cena. Depois ela abre seu Orkut e começa a ler e responder os recados recebidos. Se o Orkut não lembrasse o aniversário de seus usuários, com certeza ela não teria recebido tantas mensagens de “Feliz Aniversário”. Palavras bonitas, carinhosas, algumas inesperadas, outras originais. Ela fica contente! Algumas mensagens a comoveram. Aquelas que vieram de pessoas que fizeram parte de sua infância, levaram lágrimas a seus olhos. Ela também conversa no msn com outros amigos que aproveitam para desejar-lhe felicidades. No finalzinho da tarde, dois colegas vão a lanchonete com ela. Cada um pede uma fatia de torta de chocolate e dividem uma Coca-Cola. Falca e Gabi cantam os parabéns e todos brindam após o discurso de Falca.
De volta ao trabalho, ela fala com uma amiga pelo msn. “Vai ter festa?”
“Só comprei pipoca e guaraná. O aniversário do meu irmão que teve bolo, foi morgado! Imagina o meu que não tem?!”
Ao retornar para casa, ela encontra o pai que, depois de um tempo estende-lhe a mão: “Parabéns, painho! Hoje é 8 de novembro!”. Ela o abraça. Depois mira os pais e pergunta-lhes: “O que vocês sentem quando olham pra mim, já com 26 anos?”
“Eu nem acredito...”
, responde-lhe a mãe.
Às 19h e pouco, chega uma amiga. A aniversariante, sua amiga, irmã e mãe vão para a calçada de casa, tomar vinho. A amiga do msn chega com a irmã e um bolo na mão. Enquanto se falavam via internet, a amiga ligou para outros amigos e mandou comprar um bolo. Vão chegando mais alguns amigos e a aniversariante se vê cercada por pessoas queridas. Comem, brincam, conversam... mas é quarta-feira. O dia foi cheio para todos e amanhã tem trabalho de novo. Ao se despedir, Gusma comenta em tom de brincadeira, achando que vai irritá-la: “Quantos anos mesmo Roberta? Vinte e cinco?”
“Quem me dera!”
“Oxe! Vai dizer que é 28?!”
, ele ri.
“Também não é pra tanto! Completo 26 anos!”
“O QUÊ? SÉRIO???”
, ele se surpreende. “Achei que era 22!!!”
“Agora sim você está tirando onda, né?”
“Não! To não! Eu jurava que tu tinha 21!”
“Ufa! Que bom!”
, e ela ri.
Os amigos se despedem e se vão.
São 23h30m. A aniversariante se prepara para dormir. Ela reza e agradece a Deus por mais um ano de vida! “É! Meu dia está acabando. Agora posso refletir sobre minha vida...”
Apaga a luz e deita.

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