Lágrimas de ódio???
Na última terça-feira aconteceu uma coisa que me deixou muito indignada. Ia eu para o trabalho à tarde, por volta das 16h30, no 5100-Circular, quando nos Bancários entra um rapazinho distribuindo uns textinhos pedindo que os passageiros lessem. Àqueles passageiros que verbalmente ou através de gestos demonstravam que não queria nem saber o que tinha escrito ali pois já imaginavam do que se tratava, o rapaz educadamente agradecia, como que dizendo: “Tudo bem! Você não tem obrigação, mas mesmo assim..." Eu fui uma das pessoas que não demonstrou interesse, e claro, como todos, ouvi um “obrigado!” e continuei a ler minha apostila do Adobe Premiere Pro. Depois de distribuir os papéis a quem quis ler, o rapaz começou a sua fala, dizendo que ele estava pedindo ajuda para comprar um aparelho ortopédico para o pai, que por conta de um acidente, quebrou o fêmur das duas pernas (isso foi o que entendi!!!). Já comecei a dar mais atenção ao rapaz, mas me surpreendi com um passageiro que se levantou e disse algo ao rapaz, meio que reclamando com ele. O rapaz que também não entendeu bem o que o homem disse, perguntou: “Como senhor?”. O cara sentou novamente atrás do motorista e este reclamou com o garoto dizendo que ele não podia fazer aquilo pois estava perturbando os passageiros. O garoto se defendeu dizendo que não estava perturbando ninguém (de fato não estava!), e que pegava o papel pra ler quem quisesse, que ele não tava obrigando ninguém a fazer isso. O motorista mais uma vez abriu sua bocarra e disse ao garoto que aquilo era proibido de fazer dentro do ônibus!!! PODE?! Achei isso o cúmulo do absurdo!!!
Engraçado, quando aparece desordeiros de verdade, motorista e cobrador fica bem quietinho, com medo de se dar mal e tá pouco se lixando se os passageiros estão incomodados ou não. Quem tiver achando ruim que encare e se vire só!!! E o mais incrível é a cara-de-pau de se demonstrar preocupado com o conforto dos passageiros, afinal, ninguém tá nem aí pra passageiro em horário de pico, quando os ônibus estão atrasados, ou lotados, quiçá as duas coisas juntas, e o povo tudo imprensado como sardinha em lata. Claro! Ninguém é obrigado a pegar ônibus cheio, como ninguém é obrigado a pegar um pedaço de papel pra ler!
O rapazinho ainda repetiu que o povo pegava o papel e ajudava se quisesse, ninguém tava sendo obrigado a nada, que ele tava fazendo aquilo pra não roubar nem matar. Depois ele se calou e foi recolher seus papéis todo sem graça, com vergonha de ter sido chamado a atenção. Fiquei irada com a situação. Eu puxei logo meu talão de passes, e me deu vontade de gritar: “Ah é? Pois tome meu filho! Tão dizendo que é proibido pedir dentro do ônibus, é? Quero ver quem vai dizer que é proibido eu doar o que tenho!!!”
Claro, eu não disse nada! COVARDE!!! O rapaz chegou até mim, como que adivinhando minhas intenções e me pediu um passe pra ele pagar a passagem que ainda não estava paga. Passei 02 passes pra ele (eu sei! Isso não é grande coisa! Mas outro teria dado só um mesmo,né não? Hihihi), ainda olhei pra ele pensando em dizer: “Pra mim, você não está incomodando ninguém!!! Esse passageiro e esse motorista são dois otários!!!”, mas novamente a covardia falou mais alto!!!
Ainda ouvi uma passageira comentando que pior seria se o rapaz estivesse com uma arma apontada pra cabeça de alguém, demonstrando que também não gostou da cena! O rapazinho desceu logo, e ainda olhou para o motorista e agradeceu!
Ainda ouvi uma passageira comentando que pior seria se o rapaz estivesse com uma arma apontada pra cabeça de alguém, demonstrando que também não gostou da cena! O rapazinho desceu logo, e ainda olhou para o motorista e agradeceu!
Depois disso, eu fiquei de olhos marejados e me surpreendi com meu próprio choro. Não sei se minhas lágrimas surgiram de pena do rapaz, de raiva do motorista e do passageiro ou se de minha covardia ao me tornar cúmplice da situação por não ter coragem de expressar minha indignação. Tive vontade de denunciar o motorista, mas o que adiantaria?
Fiquei me perguntando se o rapaz estava realmente falando a verdade. Caso não, ele que se entenda com a justiça divina, assim como o motorista e o passageiro. Fiquei refletindo se as pessoas realmente aturam humilhações assim se não tem um motivo real para agüentá-las. Tipo, o rapaz é jovem, mas talvez não teve ou tenha oportunidades, e por isso se submete a coisas desse tipo. O achei tão educado, que me custa acreditar que ele esteja mentindo. Eu que tive a oportunidade de estudar, trabalhar, que até hoje não precisei (graças à Deus!) pedir nada a ninguém, não me imagino sendo repreendida ou humilhada por alguém, olhá-lo e agradecer a ele como se ele estivesse com toda a razão e me ensinando algo.
Enfim, eu ainda não estou conformada com o que vi...
sugestao: faça parágrafos, amiga robert.
ResponderExcluirconselho dado, conselho lido!
ResponderExcluirehehehe
valeu falca!!!
mas... se eu soubesse como fazer isso aqui, com certeza tinha parágrafos há muito tempo!!!
kkkkkkkkkkkk