Senhora?!! Eu????
Ontem me aconteceu algo, que para a grande maioria das pessoas é muito simples - principalmente para aquelas que tem o mesmo nível de estudos que eu -, mas que para mim foi um misto de sentimentos.
À tarde, quando eu me dirigia para o estúdio do Decom, onde gravamos o Conexão Ciência, percebi que um casal de funcionários da limpeza, estavam discutindo algo sobre parte da equipe estar entrando no estúdio sem um funcionário da TVUFPB, como de costume. No entanto, ao me ver chegando no prédio, a senhora que varria o chão disse ao seu colega:
_ Olha aí ela! A produtora!
Fiquei meio por fora, porque a princípio, tive a impressão de ser vista como uma espécie de “resolução do problema”. Mas depois, me senti um tanto satisfeita, pois fui apontada com uma certa importância. Quando me aproximei da senhora, já prestes a entrar no estúdio, ela disse num sorriso:
_ A senhora não é a produtora, né?
E eu, devolvendo o sorriso - que da satisfação, deu lugar a surpresa pelo pronome de tratamento usado comigo - , em um balanço de cabeça, afirmei que sim! Em seguida, ouvi a senhora dizendo ao colega:
À tarde, quando eu me dirigia para o estúdio do Decom, onde gravamos o Conexão Ciência, percebi que um casal de funcionários da limpeza, estavam discutindo algo sobre parte da equipe estar entrando no estúdio sem um funcionário da TVUFPB, como de costume. No entanto, ao me ver chegando no prédio, a senhora que varria o chão disse ao seu colega:
_ Olha aí ela! A produtora!
Fiquei meio por fora, porque a princípio, tive a impressão de ser vista como uma espécie de “resolução do problema”. Mas depois, me senti um tanto satisfeita, pois fui apontada com uma certa importância. Quando me aproximei da senhora, já prestes a entrar no estúdio, ela disse num sorriso:
_ A senhora não é a produtora, né?
E eu, devolvendo o sorriso - que da satisfação, deu lugar a surpresa pelo pronome de tratamento usado comigo - , em um balanço de cabeça, afirmei que sim! Em seguida, ouvi a senhora dizendo ao colega:
_ Pronto! A produtora já chegou!
Aquilo me ficou na cabeça por um bom tempo. “A senhora não é a produtora, né?”. Já fui chamada de senhora por telefone, em lojas e tudo, mas isso a galera é treinada pra dizer, pra vender, sei lá. Mas não me lembro de ter sido tratada assim, de cara, por alguém mais velho que eu, e que se referiu a mim dessa forma, justamente por saber que eu estou a um nível acima, por conta das oportunidades de estudo que tive.
Você que está lendo este texto, pode estar pensando “Nã! Tu tá exagerando! Acho que isso nem passou pela cabeça dela!”.
É verdade! Isso realmente nem deve ter passado pela cabeça dela, mas a situação que pra ela foi tão comum e pra outros tantos é tão insignificante, me fez novamente dar início às minhas viagens mirabolantes.
Senti-me mal depois, porque aquela senhora vendo que eu poderia ser filha dela, me chamou de senhora, como se eu fosse superior a ela. E o pior, é que ainda pensei em dizer: “Precisa me chamar de senhora não!”, mas fiquei calada. E o meu silêncio, parece ter deixado claro que me chamando assim, ela estaria reconhecendo o seu lugar. QUE HORROR!!!
Tem gente que se gaba porque tem um diploma, achando que é melhor que os outros por conta de um “canudo”, que muitas vezes parece ter sido comprado. Mas eu não curto isso!
Claro! Tenho consciência que ter um curso superior me torna diferente de outras pessoas, mas não me sinto bem com a idéia de que estes outros sintam-se inferes a mim, só porque não tem o mesmo nível de conhecimento que eu. E afinal? Que nível de conhecimento eu tenho para me tornar tão diferente? Será que eu realmente sei das coisas que passei quatro anos estudando? Será que estudei mesmo? Ou só fiz o que fazia até o segundo grau? Aquele velho lema de “estudar só pra passar!”
Será que o verdadeiro objetivo da Universidade seja formar seres superiores aos outros? A Universidade se acha! É uma fábrica de pessoas que pensam que são OS PENSADORES, e que por isso merecem todo o mérito do mundo. Só que estes “seres pensantes”, só se diferem porque uma grande maioria de pessoas não teve chance de entrar neste “fascinante universo” ou simplesmente escolheu não fazer parte do elitizado grupo de pensadores. Acho que estes intelectuais nem imaginam que para alguns, eles não são admiráveis em nada!!!
Ahhhhhhhhhhh! Pobre Sócrates... deve se contorcer na sepultura ao ver tanto “sábio metido a besta”. Pessoas que repetem o “Só sei que nada sei!”, sem nem saber o que estão dizendo na verdade.
Enfim, quem garante que esta senhora a quem me refiro não seja a verdadeira sábia da história?! Que ela é que tem muita coisa a ensinar?! E sua superioridade está aí: na sua SIMPLICIDADE! Em mostrar que para ser valorizada também, não precisa devorar livros, nem exibir um diploma ou exercer um cargo importante.
E pra finalizar, deixo claro que sou SÓ UMA PRODUTORA! Que muita coisa pode não acontecer sem os profissionais desta área, é verdade! Mas este trabalho é tão desgastante quanto varridas de chão, fora vários aborrecimentos.
E olha! Meu diploma nunca impediu que eu me sentisse um nada, ao lidar com seres que acreditam possuir um pensamento elevado...
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