Um olhar de criança
Em plena semana da criança, você demonstra que a sua criança continua viva dentro de ti.
Porém, sinto-me profundamente tocada ao ver o despertar de um menino triste, carente, sedento de amor e amparo.
Nesta semana, eu pensei que escreveria algo sobre a minha criança, que se demonstra alegre, bem humorada, curiosa e às vezes até ingênua. Com todas as características típicas da tenra idade.
Mas este menino triste me fez perceber o quanto sou egoísta. Não tenho olhado para você da forma que merece.
Nossa vida começa na infância e para a infância retornamos depois de muitos anos. Ontem você me fez perceber que sempre foi uma criança que eu nunca dava atenção. Perdoe-me...
Eu sempre imaginei que você nunca tinha sido feliz de verdade, mas nunca pensei que havia tanta dor dentro de seu coração! Tanta mágoa, tanto desgosto e uma tristeza imensa...
Entendi finalmente, que você procura no vício a fuga dessa realidade cruel em que sempre viveu. A dura realidade de não ser valorizado e amado como merecia e merece, te consome.
Houve um momento enquanto eu te ouvia, que me senti feliz de ver que você finalmente cansou de ser injustiçado. Até aconselhei você a tomar o acontecido como um recomeço. "Deixe o passado para trás e faça diferente de agora em diante!" - te falei. E quando me aproximei e você quis desabafar ainda mais, no entanto, não agüentou. Sufocou o choro e acenou para que eu me retirasse. Vi ali que você não suportava mais. Sua criança tomou seu lugar e no seu olhar choroso enxerguei-me como um dos monstros que te desprezava.
Ontem, eras outra pessoa. Nunca te vi expor tão claramente os teus sentimentos. Pode parecer um exagero, mas até tive medo que o desgosto te levasse embora.
E cada vez que lembro de você chorando, penso no quanto você precisa de todos nós e como seu coração deve ser machucado e dolorido. Você nunca teve o apoio daquela que chamamos de "base". Você nunca teve o amor e o apoio de seus pais e irmãos. Seus pais já não vivem. E seus irmãos não fazem questão de ti.
Doeu-me muito, quando o seu menino triste e solitário me mostrou que ele não teve o que eu sempre tive: VOCÊ!!!
E concluí que na verdade, eu é que devo recomeçar...
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