Sono pesado
Ultimamente a pobre moça andava muito sonolenta. Por mais que dormisse, o sono não acabava e às vezes era tão pesado, que ela mal conseguia abrir os olhos.
É verdade que andava muito cansada, mas ainda assim, não justificava aquela sonolência. Pelo menos, ela imaginava que não justificava...
Havia momentos em que a jovem acreditava que tudo não passava de uma preguiça extrema. Afinal, ela vinha faltando pequenos compromissos só porque não conseguia levantar da cama, tamanho o seu cansaço.
Não se sentia fraca, mas o sono excessivo a deixava desanimada e às vezes bem mau-humorada.
Ela não queria estudar, não queria ler (mesmo porque, sempre que lia algo, ela logo adormecia), evitava sair de casa e sua cama sempre parecia ainda mais convidativa além de muito acolhedora. O sono dela era tanto, que se desse um cochilo de 15 minutos, até sonhava!
Algumas vezes a moça desejou não precisar mais acordar, devido à vontade imensa de dormir.
Na verdade, dormir para ela, era uma espécie de fuga da realidade. Quando sentia dor, ou tinha algum problema, a jovem queria se recolher e esquecer de tudo vivendo os mais variados tipos de sonho. Aonde chegava, ela se escorava e fechava os olhos, sempre com a intenção de dormir profundamente.
Certa vez, quando voltava para casa à noite, o sono se fez mais forte enquanto a moça dirigia.
Ela logo se lembrou dos vários acidentes resultantes de um cochilo ao volante, e amedrontada com a idéia de ser a próxima vítima, arregalou os olhos tentando lutar contra a sonolência. No entanto, ela não foi forte o suficiente e quase bateu em um carro, durante uma "pescada" que deu. O outro carro conseguiu desviar e o barulho a fez sobressaltar-se.
Tomando consciência do que aconteceu, sentiu o coração disparar. Respirou fundo e deu continuidade a seu trajeto, rezando para que aquele maldito sono desse uma trégua a ela, pelo menos até chegar em casa. Mas este não "deu o braço a torcer" e mais uma vez se fez presente. Parecia até que ele tinha um objetivo.
Pobre moça... Assim que fechou os olhos, mergulhou em um sono tão profundo que nem percebeu quando seu carro cruzou o meio-fio e capotou ribanceira a baixo. Ela não estava morta, mas nem se quer abriu os olhos, pois tudo lhe parecia um sonho. Um louco sonho onde flashs de sua vida passavam em sua frente, como se fosse um filme e em seguida, pessoas que ela não conhecia, mas que diziam conhecê-la surgiam em sua frente e lhe estendiam as mãos convidando-a para passear em um lindo jardim. Mesmo estando no sonho, ela comentava consigo: "Que sonho lindo! Espero continuar dormindo, para que tudo isso não acabe". Em seguida, a jovem acompanhou aquelas pessoas que a faziam sentir-se amada e contente.
E assim, quando encontraram a pobre moça, ela estava dormindo o sono eterno com um sorriso nos lábios, feliz porque não precisaria mais fugir da realidade...
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