Final feliz ¬¬

Graças a Deus, a novela Duas Caras acabou!!! Nada contra quem gostou da trama das nove – é esse o horário certo, tá? Não sei por que chamam de “novela das oito” se ela só começa às nove da noite! -, mas eu achei muito chata e por isso, não acompanhei.

Porém, tenho a horrível mania de assistir final de novela. Parei o que estava fazendo ontem à noite para ver o desfecho das personagens que davam as caras nas noites brasileiras. E para minha surpresa, concluí que a Globo deu para bancar a boazinha em seus finais. COMO ASSIM?

Caso não tenham percebido, nas últimas novelas globais – principalmente as do horário nobre – os vilões tem escapado daquilo que chamaríamos de “justiça”. A primeira personagem que lembro ter alcançado um “happy end”, foi a Bia Falcão (interpretada por Fernanda Montenegro) da novela Belíssima, que fugiu para Paris, fez pouco de quem deixou para trás e ainda carregou consigo, um delicioso rapazinho para fazer sua alegria na Europa.

Daí por diante, inicia-se uma nova maneira de terminar novela. Parece-me que agora foram criadas subcategorias, já que a Globo dividiu sua teledramaturgia em:

Novelas das seis, onde usam temas de época, com personagens sonhadoras e regada de amores açucarados.

Novelas das sete, aquelas que tem o humor como tema central, personagens babacas e amores cheios de encontros e desencontros. Esta categoria ainda chama atenção, porque se reveza entre uma “Das sete” realmente divertida e outra que é só besteira, ou seja, A IRRITANTE.

E por fim vêm as novelas das oito, OPS! Eu quis dizer, DAS NOVE!!! Onde o objetivo é abordar temas sociais, mostrando personagens melhor construídos e onde o amor se desenrola de uma forma mais racional.

Então a Globo veio com as subcategorias:

Novela das seis, os vilões morrem! Principalmente se for com temas ligados à espiritualidade, pois neste caso, além do vilão morrer, ele vai direto para o inferno, com direito a escolta demoníaca e tudo!

Já nas novelas das sete, os vilões são presos, mas também devem pagar micos ou algo assim. Vilão das sete tem que ter um final cômico!

Porém a novela do horário nobre mudou um pouco, né? Agora ninguém morre em fim de novela das nove, mas todos viajam – para fora do país, é claro! -, riem, se divertem, são felizes.

Eu fiquei muito “P” da vida com o fim de Duas Caras!!! Como é que pode aquela otária da Maria Paula, terminar junto com o Ferraço??? IDIOTA SEM AMOR-PRÓPRIO!!! Eu até fiquei feliz quando o vilão saiu da cadeia e descobriu que a mocinha tinha dado o mesmo golpe que ele deu nela no início da trama. Achei ótimo ela ligar pra ele e fazer pouco do que este deveria estar sentindo. Mas quando ela disse que estava esperando por ele, ahhhhhhhhhhhhh, eu tive vontade de entrar na televisão e matar os dois!!! E A SÍLVIA???? Meu Deus, a Sílvia escapou na maior facilidade, foi pra França com um cara lindo e ainda levou o amante com ela. GENTE, O QUE É ISSO??

Fiquei pensando se isso foi a forma encontrada pela “Vênus Platinada” de diminuir a violência mostrada na tv, visto que uma das funções da telenovela é nos provocar a fuga da realidade e a televisão não pára de cuspir sangue, maldade e morte na nossa cara todos os dias. Ou será que simplesmente a Globo está jogando na cara do povo que o melhor é se conformar, que no Brasil não tem justiça mesmo e que tudo – seja na realidade ou na ficção – fica por isso mesmo?

É acho que a resposta certa é a segunda opção mesmo!!! É bem mais lógica e pra lá de justificável! Ninguém faz nada nunca! E vendo a felicidade dos vilões globais, dá até vontade de ser ruim também. Isso me faz lembrar de A República de Platão, onde os irmãos Glaucon e Adimanto defendem as vantagens da injustiça.

Como eu estava dizendo a meu irmão ontem à noite, é por isso que eu não gosto de ser boazinha, pois gente assim só se dá mal. Tento ser ruim por uma questão de segurança, de defesa, afinal, vaso ruim não quebra e no Brasil, ruindade tá virando qualidade!!!