Visita ou invasão???

Eu não tenho sorte mesmo...¬¬

Sempre que venho à Biblioteca Central é isso! Um barulho horroroso que me deixa com ódio de mim mesma, por insistir em acreditar que é possível estudar em paz neste lugar.

A biblioteca acaba de ser invadida por alunos do ensino fundamental. E meu Deus, me perdoe! Mas crianças são pequenos monstros!!! Por mais que as professoras peçam silêncio e mandem que fiquem quietas e perto delas, estes pequenos seres fazem tudo ao contrário. Eles chegam a fazer mais barulho na tentativa de silenciar o coleguinha.

Na impaciência, me pergunto por que não proíbem as visitas à biblioteca?! Pois assim, não incomodariam a nós, pobres seres em busca do crescimento intelectual. Então me repreendo ao flagrar-me tomada pelo egoísmo. A universidade é de todos! É obrigação dela, servir à comunidade. Abrir suas portas e apresentar ao povo o maravilhoso mundo do saber é um de seus deveres, uma forma de prestar contas à sociedade.

Se bem que estas crianças estão pouco se lixando para esse tal mundo. O legal mesmo dessa visita é conhecer um novo ambiente, distante da sala de aula e poder correr pelos grandes espaços, esconder-se entre as estantes e rir das pessoas esquisitas debruçadas em mesas cheias de livros e papéis. Não culpo a criançada! Pelo contrário. Creio que estão muito certas em fazer isto! É muito cedo para se interessarem por esta vida de gente grande. Se brincar, para alguns desses pequenos visitantes, nós é que somos os burros!!!! E eu não tenho certeza se eles estão errados...

Enquanto escrevo isto, eles estão ali sentados no chão, à espera de uma gincana improvisada. Brinquedos serão dados aos vencedores. E gostaram tanto da idéia que riram, vibraram, aplaudiram. Enfim, abalaram as estruturas da biblioteca. E não posso deixar de rir,visto que todas as vidas que se encontram aqui neste momento, já sabem da presença dessa turma com idade entre oito e onze anos.

Não acredito! O silêncio voltou. Olho para o lado e as crianças continuam ali, sentadas no mesmo lugar. Da mesa onde estou, cercada de livros e cadernos, eu as invejo. Queria voltar para o mundo delas...

Este texto foi escrito hoje à tarde, enquanto eu tentava estudar na Biblioteca Central. Como se pode perceber, não consegui o que queria! Peguei o caderno e um lápis e fui transcrevendo o momento. No final, algo me chamou atenção: alguns universitários deixaram seus estudos para contemplar as crianças ali sentadas. Na saída da biblioteca, a garotada nem percebeu que um monte de gente grande e esquisita, tinha parado para olhá-las, assim como eu, com um misto de inveja e saudade.