Excêntrico, mas muito bom!!!
Em maio deste ano, comprei um filme que só ontem pude assistir! Indicado por uma amiga que me disse ser um drama muito interessante, resolvi arriscar. Depois, conversando com um amigo que disse já ter assistido essa obra, confirmou que realmente se tratava de uma película interessantíssima, muito boa mesmo! Por fim, semana passada, teclando com um cinéfilo, ele me disse que a tal obra é simplesmente fantástica! Pois bem! Finalmente assisti!!!A excêntrica família de Antonia (Antonia's Line. Holanda / 1995), dirigida por Marleen Gorris, realmente é um drama fantástico. Mas me refiro também ao fantástico beirando a literatura dos contos maravilhosos ou do absurdo. Mas sinceramente, é um filme lindo de se ver. Cheio de gente feia, é verdade! Mas lindo, lindo de se ver! Ehehehe (paradoxal, heim?)
Há momentos, não nego, que a obra beira o bizarro – desculpe-me os cinéfilos e entendidos de plantão! Isto não passa da reles opinião de alguém que tem muito a aprender sobre cinema e muito da vida! -, mas não deixa de nos fascinar.
O drama, ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é definido como uma celebração da vida e da morte, e vai além ao contar a história de uma encantadora geração de mulheres. Comandada por Antonia, a saga familiar atravessa três gerações, falando de força, de beleza e de escolhas que desafiam o tempo. Nesse universo conhecemos curiosos personagens, como o filósofo pessimista, a netinha superdotada, a filha lésbica, a avó louca, o padre herege, a amiga que adora procriar, a vizinha que sofre abusos sexuais e os muitos amigos que são acolhidos por sua generosidade. Isso mesmo! É uma excêntrica família, porque aparece gente de tudo quanto é jeito para morar com Antonia.
Fiquei encantada com os enquadramentos que transformam portões em molduras, por exemplo. E mesmo nas cenas, aparentemente, mais grotescas há coisas que não se pode deixar passar despercebido.
Começo citando a cena do velório da mãe de Antonia! Gente! A velha era louca e simplesmente, durante a missa de corpo presente, a filha de Antonia olha para o caixão durante os hinos de louvor e vê a avó se levantando, cantando na maior empolgação, cheia de alegria, como se aquilo fosse um momento festivo! E mais! A imagem de Jesus aparece e “Ele” abre os olhos como se tivesse sido acordado de algum cochilo! Achei bárbaro! Porque me pareceu que a velha louca celebrava a morte, ou melhor dizendo, a passagem para a vida eterna e que para “Jesus”, aquele hino não era nada demais, apenas um barulho que lhe atrapalhava o sono! Faço-me entender?
Outra coisa que me chamou atenção foi o discurso da filha de Antonia, quando esta resolve ser mãe. A garota chamada Daniele simplesmente volta de um curso de arte e diz a mãe: “Mãe! Eu quero um filho!”. Por mais moderna que Antonia se mostre, ela se surpreende com a fala da filha e pergunta-lhe: “E que tal um marido junto com o filho?” e a mocinha responde: “Não! Eu não quero!” Então Antonia decide: “Respire fundo! Pelo nariz. Em alguns meses iremos para a cidade e lá encontrarei o pai!” E assim, fica inteiramente claro, que para aquelas mulheres, os homens têm pouca importância. Não é uma questão de não gostar deles, mas sim de mostrar, que elas podem viver sem a presença masculina. Resumindo, Antonia e Daniele encontram um rapaz, Daniele fica grávida e meses depois nasce a pequena Tereze, uma menina superdotada.
É com a chegada de Tereze que o filme se mostrou mais interessante para mim, visto que a garotinha se dá super bem com Dedo Torto, um amigo de Antonia que é filósofo. Aí começam as falas mais lindas, mais viajantes, mais cheias de lições e reflexões. (Ao menos pra mim, né?)
Para não me tornar desagradável contando todo o filme – eu realmente comentaria muito sobre ele aqui! -, vou apenas citar trechos de falas que eu curti na película e não vou comentar mais nenhuma cena, para não tirar a graça. Eu recomendo e espero que alguém se interesse de ver esta obra. É linda! E dá para fazer grandes análises, tenho certeza! Enquanto assistia, tive muitas idéias que ainda pretendo transformar em ensaios ou artigos! É uma obra riquíssima!
Segue alguns trechos:
1) Tereze e Dedo Torto discutindo sobre o tempo. Ao abraçar o velho homem, a criança exclama:
_ Você está fedendo! – e Dedo responde:
_ Minha filha, é o cheiro do tempo que já passou!
2) Cavalgando com a avó, Tereze comenta: “Não é triste que nada exista?” e Antonia responde: “Por isso há tanta coisa!”
3) A bisneta de Antonia pergunta:
_ Quem de nós vai morrer primeiro?
_ Se tudo correr bem, eu serei a primeira. Mas não penso em morrer agora. Eu lhe direi quando chegar a hora. – responde Antonia. E colocando a mão sobre a perna da pequena Sara, completa: _ Não se preocupe. Ainda viverei alguns anos. Uns bons anos.
_ Ah que bom! – Sara diz aliviada e volta a escrever.
E Antonia cumpre a promessa…
Comentários
Postar um comentário
Olá! Muito obrigada pela sua visita.