Leituras noturnas
Por volta das onze horas da noite, a família aos poucos ia recolhendo-se. Porém, dois resolveram ficar mais tempo na sala, diante da televisão.
Cada um por seu motivo, não tinha pressa do sono chegar. Ela, a filha, esperava dar meia-noite para tomar seu remédio. Ele, o pai, parecia não ter o que esperar.
Diferente de todos os dias, a moça sentia-se disposta. Não tinha a sonolência que lhe tirava as forças todas às noites, impedindo-lhe de fazer as leituras necessárias a seus estudos.
O pai, por outro lado, não demonstrava o que sentia, mas dizia que levantaria tarde, dando a entender que o cansaço acumulado durante a semana, seria compensado no dia seguinte.
De repente, ele se levantou, pegou o jornal que não tinha lido antes e dirigiu-se para o quarto. Sentou-se na cama de frente para a porta que se escancarava para a sala. Como não disse se esperava alguma matéria no Jornal da Globo, a filha desligou a tv e pegou um livro que precisava estudar.
Assim, ambos mergulharam nas viagens que suas leituras lhe propiciavam. Ele, no cotidiano descrito nas páginas sujas do jornal. Ela, nas letras de Vínicius de Morais pesquisadas por um estudioso de música e poesia.
Embora fascinada pelo que lia, a filha não pôde deixar de dar olhadas discretas para seu pai. Sentia-se próxima dele, como há muito tempo não estava. Voltava seus olhos ao livro que tinha nas mãos com um sorrisinho quase imperceptível, mas cheio de satisfação.
Era meia-noite. “Vou tomar meu remédio!” – ela disse e levantou-se. Ao voltar, dedicou-se novamente a sua leitura, que se chocava com o som da festa de bairro que vibrava na rua.
O capítulo que precisava ler estava próximo do fim, quando a moça percebeu que o pai dobrava o jornal com cuidado. Apressou-se por terminar logo a tarefa, embora ainda estivesse sem sono e pudesse ler outros textos que seriam discutidos em sala de aula. Mas ela, não queria ficar sozinha ali. Não queria ler sem a companhia do pai.
Quando ele lhe disse “boa noite” e apagou a luz, a filha imediatamente lia a última linha do texto. Levantou-se do sofá, pediu a benção do pai, desejou-lhe boa noite, apagou a luz e dirigiu-se a seu quarto, com um sorriso no rosto.
Alheios do mundo exterior, após devorarem suas porções de letras, ambos se recolhiam satisfeitos, cada um por seu motivo.
Cada um por seu motivo, não tinha pressa do sono chegar. Ela, a filha, esperava dar meia-noite para tomar seu remédio. Ele, o pai, parecia não ter o que esperar.
Diferente de todos os dias, a moça sentia-se disposta. Não tinha a sonolência que lhe tirava as forças todas às noites, impedindo-lhe de fazer as leituras necessárias a seus estudos.
O pai, por outro lado, não demonstrava o que sentia, mas dizia que levantaria tarde, dando a entender que o cansaço acumulado durante a semana, seria compensado no dia seguinte.
De repente, ele se levantou, pegou o jornal que não tinha lido antes e dirigiu-se para o quarto. Sentou-se na cama de frente para a porta que se escancarava para a sala. Como não disse se esperava alguma matéria no Jornal da Globo, a filha desligou a tv e pegou um livro que precisava estudar.
Assim, ambos mergulharam nas viagens que suas leituras lhe propiciavam. Ele, no cotidiano descrito nas páginas sujas do jornal. Ela, nas letras de Vínicius de Morais pesquisadas por um estudioso de música e poesia.
Embora fascinada pelo que lia, a filha não pôde deixar de dar olhadas discretas para seu pai. Sentia-se próxima dele, como há muito tempo não estava. Voltava seus olhos ao livro que tinha nas mãos com um sorrisinho quase imperceptível, mas cheio de satisfação.
Era meia-noite. “Vou tomar meu remédio!” – ela disse e levantou-se. Ao voltar, dedicou-se novamente a sua leitura, que se chocava com o som da festa de bairro que vibrava na rua.
O capítulo que precisava ler estava próximo do fim, quando a moça percebeu que o pai dobrava o jornal com cuidado. Apressou-se por terminar logo a tarefa, embora ainda estivesse sem sono e pudesse ler outros textos que seriam discutidos em sala de aula. Mas ela, não queria ficar sozinha ali. Não queria ler sem a companhia do pai.
Quando ele lhe disse “boa noite” e apagou a luz, a filha imediatamente lia a última linha do texto. Levantou-se do sofá, pediu a benção do pai, desejou-lhe boa noite, apagou a luz e dirigiu-se a seu quarto, com um sorriso no rosto.
Alheios do mundo exterior, após devorarem suas porções de letras, ambos se recolhiam satisfeitos, cada um por seu motivo.
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