A mocinha de blusa listrada
Era noite e eu estava no terminal rodoviário, esperando embarcar no ônibus que seguia para Fortaleza.
Não havia muito movimento e por isso, pouca coisa acontecia ao meu redor para que eu pudesse passar o tempo observando e não me fatigar com a espera.
Até que vi aproximando-se, uma mocinha alta, bem magra, de longos cabelos cacheados, vestindo calça comprida preta e uma blusa de linha com listras azuis e brancas. Caminhava displicentemente, um pouco envergada, provavelmente devido ao peso de sua enorme bolsa marrom pendurada a tiracolo.
Sentou-se diante de mim e fixou seu olhar para o nada, sem se dar conta de minha presença. E de fato, não teria motivos para isso!
Vi que usava fones de ouvido e observava o mundo ao seu redor completamente desligada dele, lançando-lhe um olhar de total indiferença.
Perto de onde estávamos, havia uma família feliz que alegremente tirava fotografias com os parentes ou amigos que lhes acompanharam até a rodoviária. A garotinha que segurava a máquina fotográfica, em sua empolgação, escorregou e caiu. Não chorou. Pelo contrário, levantou-se rindo, e todos que testemunharam sua queda, tiveram os lábios estampados por leves sorrisos. Exceto a moça de blusa listrada, que olhava tudo aquilo quase com desprezo.
Fiquei intrigado com isso. Como alguém de aparência tão delicada conseguia se mostrar tão indiferente? Sim! Porque aquela moça parecia exalar frieza...
Perdi-me em questionamentos sobre aquela mocinha de traços finos, dona de um nariz afilado e uma boca tão bem desenhada que me fazia imaginar como seria o sorriso ali aprisionado...
Eu estava assim, mergulhado em curiosidade e estranhamento, quando de repente, me vi flagrado por aqueles olhos castanhos e frios que me atravessaram como flechas.
Rapidamente desviei o olhar para a família feliz, como uma criança assustada. Foi esquisito! Não entendo até agora porque eu, um homem cujos cabelos já estão quase completamente tomados pela brancura do tempo, me senti tão intimidado por aquela mocinha.
Quando dei por mim, estava novamente mirando aquela figura aparentemente frágil que agora mexia em seu mp3 sem notar que eu tinha voltado a observá-la. Ela mexia no aparelho como que procurando uma música que a agradasse. E a encontrou, pois percebi um leve sorriso em seus lábios rosados, que logo após se movimentaram acompanhando a canção escolhida.
Esticando as pernas e cruzando os braços, numa posição de completo relaxamento, a moça se pôs a olhar os próprios pés, sem ao menos piscar, o que me fez crer que ela estava perdida em seus pensamentos.
Permiti-me assistir aquela cena, como se contemplasse um quadro, sem medo de que a moça me fuzilasse mais uma vez.
Subitamente, a jovem levantou-se e da mesma forma como apareceu, se foi. Caminhando displicentemente, carregando sua pesada bolsa, impassível ao que lhe cercava.
Olhei-a indo embora até que ouvi a chamada do embarque e assim como a mocinha de blusa listrada, levantei-me, peguei minha bagagem e parti completamente indiferente ao que deixava para trás.
Não havia muito movimento e por isso, pouca coisa acontecia ao meu redor para que eu pudesse passar o tempo observando e não me fatigar com a espera.
Até que vi aproximando-se, uma mocinha alta, bem magra, de longos cabelos cacheados, vestindo calça comprida preta e uma blusa de linha com listras azuis e brancas. Caminhava displicentemente, um pouco envergada, provavelmente devido ao peso de sua enorme bolsa marrom pendurada a tiracolo.
Sentou-se diante de mim e fixou seu olhar para o nada, sem se dar conta de minha presença. E de fato, não teria motivos para isso!
Vi que usava fones de ouvido e observava o mundo ao seu redor completamente desligada dele, lançando-lhe um olhar de total indiferença.
Perto de onde estávamos, havia uma família feliz que alegremente tirava fotografias com os parentes ou amigos que lhes acompanharam até a rodoviária. A garotinha que segurava a máquina fotográfica, em sua empolgação, escorregou e caiu. Não chorou. Pelo contrário, levantou-se rindo, e todos que testemunharam sua queda, tiveram os lábios estampados por leves sorrisos. Exceto a moça de blusa listrada, que olhava tudo aquilo quase com desprezo.
Fiquei intrigado com isso. Como alguém de aparência tão delicada conseguia se mostrar tão indiferente? Sim! Porque aquela moça parecia exalar frieza...
Perdi-me em questionamentos sobre aquela mocinha de traços finos, dona de um nariz afilado e uma boca tão bem desenhada que me fazia imaginar como seria o sorriso ali aprisionado...
Eu estava assim, mergulhado em curiosidade e estranhamento, quando de repente, me vi flagrado por aqueles olhos castanhos e frios que me atravessaram como flechas.
Rapidamente desviei o olhar para a família feliz, como uma criança assustada. Foi esquisito! Não entendo até agora porque eu, um homem cujos cabelos já estão quase completamente tomados pela brancura do tempo, me senti tão intimidado por aquela mocinha.
Quando dei por mim, estava novamente mirando aquela figura aparentemente frágil que agora mexia em seu mp3 sem notar que eu tinha voltado a observá-la. Ela mexia no aparelho como que procurando uma música que a agradasse. E a encontrou, pois percebi um leve sorriso em seus lábios rosados, que logo após se movimentaram acompanhando a canção escolhida.
Esticando as pernas e cruzando os braços, numa posição de completo relaxamento, a moça se pôs a olhar os próprios pés, sem ao menos piscar, o que me fez crer que ela estava perdida em seus pensamentos.
Permiti-me assistir aquela cena, como se contemplasse um quadro, sem medo de que a moça me fuzilasse mais uma vez.
Subitamente, a jovem levantou-se e da mesma forma como apareceu, se foi. Caminhando displicentemente, carregando sua pesada bolsa, impassível ao que lhe cercava.
Olhei-a indo embora até que ouvi a chamada do embarque e assim como a mocinha de blusa listrada, levantei-me, peguei minha bagagem e parti completamente indiferente ao que deixava para trás.
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