O que eu quero ser agora que eu cresci?

Eu cresci (e muito) há bastante tempo, porém, foi recentemente que consegui descobrir o que realmente quero ser após ter crescido!

Foi semana passada.

Uma amiga minha que trabalha no Sistema Correio de Comunicação me deu a dica de ir ao jornal O Norte, pois um conhecido dela estava procurando alguém para fazer parte do Portal do jornal. Então, ela me indicou e combinei de ir conversar com seu amigo na segunda-feira pela manhã.

Cheguei ao prédio do jornal O Norte por volta das 9:30h e encontrei o responsável pelo Portal, a quem chamarei pelo significado de seu nome: GUERREIRO FAMOSO!!! Ihihih

Pois bem, o Guerreiro foi muito simpático, explicou-me todas as mudanças e dificuldades pelas quais o jornal vem passando, disse-me o valor do salário (empolguei-me bastante com a informação), que seriam cinco horas de trabalho e plantões no fim de semana. Enfim, ele deixou tudo muito claro!

Então, ele disse que eu teria que fazer um teste por dois dias. Eu receberia duas pautas: uma para cobrir por telefone mesmo e outra para ir às ruas no carro da empresa com fotógrafo e tudo!

Combinamos o teste para as 8h da manhã seguinte. Saí de lá tensa, um pouco preocupada, temerosa, mas me dei ao luxo de sonhar, de imaginar que talvez eu conseguisse me dar bem e me destacar na área.

Fui para a UFPB e todos os amigos que encontrei e comentei a respeito do teste ficaram felizes e me desejaram sorte. Até fui ao LDMI pedir umas dicas a professor Carmélio.

_ Professor! Amanhã vou fazer um teste no jornal O Norte. – falei.

_ E ainda vão fazer teste com você? – ele respondeu sorrindo. Eu, amarelecidamente, sorri de volta, pois não consegui discernir qual sentido ele me fazia aquela pergunta. Mas, resolvi entendê-la da forma mais positiva possível.

Professor Carmélio me disse para eu cobrir a pauta respondendo além das perguntas que me fossem indicadas. E que após escrever a matéria, eu lesse e relesse.

Passei a tarde inteira pensando nesse teste e embora preocupada, sentia-me bem com a idéia de experimentar uma manhã como repórter profissional. Todavia, na volta para casa, por volta das 22:30h, dentro do ônibus eu comecei a pensar de desistir, de não ir mais fazer esse teste, pois sentia que eu não me daria bem, visto que comecei a lembrar de todas as vezes em que eu disse que não queria exercer a profissão de jornalista.

No entanto, eu não desisti, porque por mais que eu queira encontrar pretextos para desistir de algo, eu NUNCA desisto! E não desisto justamente porque no futuro não quero me arrepender de não ter tentado algo!

Assim, com muito esforço, levantei-me da cama às 5:30h da manhã e segui para o jornal. Entrei na redação, encontrei o Guerreiro e recebi as pautas! Dei início ao trabalho e eu já senti que não ia terminar o serviço.

Chegou a hora de ir para as ruas. Saí com mais duas repórteres: uma que estava no segundo dia de teste e outra que faz apenas um mês que foi contratada. O fotógrafo também foi e tinha uma cara de poucos amigos. ¬¬

Deixamos a primeira repórter no local onde faria sua matéria. Ela desceu junto com o fotógrafo, o único do jornal, e por isso, tínhamos que esperá-lo.

Houve um momento em que o motorista saiu do carro e sumiu. Então puxei conversa com a “colega de profissão”. Na conversa eu deixei escapar:

_ Tô aqui, mas não sei se é isso que eu quero pra minha vida... – e para minha surpresa eu tive a seguinte resposta:

_ Eu estou trabalhando nesse jornal há um mês e também não sei se quero ser jornalista. Estou me testando! – a moça me falou isso num desabafo claro. Parecia que estava aliviada em dividir essa angústia com alguém. E não qualquer alguém, e sim um alguém que sofre da mesma angústia.

Chegou minha vez de fazer a matéria e o fotógrafo foi até bem simpático comigo. O que me surpreendeu, visto que eu já tava preparando uns foras para dar nele caso viesse dar uma de gostoso pro meu lado e tal. Sabe como é! Tem gente que quando vê gente nova pintando no pedaço, parece que tem medo de perder o território e fica todo queixudo. Mas, pelo contrário! Ele não só foi simpático, como ainda me deu umas dicas já que notou que eu tava toda enrolada.

Fui a primeira a voltar para a redação. Era mais ou menos umas 10h já. Sentei em frente ao computador e tentei começar o texto. Digo TENTEI, porque não conseguia ordenar as idéias. Parecia que não tinha coletado dados suficientes para compor a matéria. O gravador digital não estava ajudando e eu cheguei a pensar que tinha perdido todas as falas dos entrevistados que eu abordara na rua. No entanto, vocês já sabem,né? Eu não desisto nunca! Respirei fundo e “catuquei” o aparelho até descobrir como funcionava.

Mas... ainda assim, o texto não fluía.

Levantei-me umas duas vezes para ir atrás de Guerreiro, já que ele não estava mais sentado perto de mim. Caminhava até o meio da redação e... voltava para o meu lugar.

Olhei para o relógio. Eram 10:48h. O Guerreiro se aproximava. Tive certeza! O momento chegara! Respirei fundo. Preparei um sorrisinho tímido e soltei:

_ Guerreiro! Eu posso falar contigo rapidinho?

_ Claro! Vamos lá pra fora! – ele sorriu simpático, mas já demonstrava ter entendido que algo não ia bem.

No corredor eu desabafei!

_ Guerreiro! Ó! Como eu te disse ontem, eu me formei em Jornalismo no fim de março e nunca tive experiência em nenhuma redação. Quando Fulaninha me ligou e disse para vir fazer o teste eu vim correndo justamente porque esse teste está sendo para mim, um teste de mim mesma. Ou seja, esta é a oportunidade que eu estou tendo para me certificar se eu realmente quero exercer a profissão de jornalista e... – dei uma pausa para dramatizar mais o momento! ehehe

Guerreiro Famoso sorriu e disse:

_ Você descobriu, né?

_ É! Eu agora tive a certeza de que eu não quero ser jornalista! O que eu quero é continuar em sala de aula como professora, terminar meu mestrado e continuar pesquisando! Me desculpa, ta? Sei que acabei atrapalhando vocês, mas essa não foi minha intenção. Mas muito obrigada pela oportunidade, mesmo!

_ Não precisa se preocupar! Fico feliz que você tenha percebido isso a tempo, então! Eu mesmo, ultimamente, tenho pensado muito em voltar a estudar! – e o Guerreiro deu início a um desabafo. Fiquei surpresa! Depois ele pediu que eu passasse pra ele todos os dados que eu tinha coletado para que ele pudesse terminar as matérias.

Quando entramos na sala, a produtora perguntou ao Guerreiro se ela podia me passar outra pauta e ele ficou em silêncio. A moça insistiu e eu fiquei atônita, olhando pra ela e pra ele, que depois disse que não poderia me passar outra pauta não e a produtora, claro, perguntou o motivo.

_ Porque ela acabou de dizer que não quer ficar com a gente! – respondeu. A produtora ficou surpresa e quis logo saber o que tinha acontecido e o Guerreiro brincou: _ Ela achou você muito chata!

_Sério! Conta aí Roberta! Qual foi a revelação? – a produtora não conseguia conter sua curiosidade.

_ Ela simplesmente conseguiu o que eu e você não conseguimos no primeiro dia em que pisamos aqui! Ela entendeu que não quer ser jornalista! - disse o Guerreiro, mas a produtora queria ouvir da minha própria boca.

E então eu disse que é verdade, que eu já estou no meu caminho. Quero ser professora mesmo e pesquisar. Que não tenho pique para cobrir matérias. Eu gosto de escrever, mas prefiro continuar rabiscando ficção no meu blog ou brincar de escrever contos no Clube do Conto com Mariano (apontei para onde o Mariano estava sentado antes de eu sair pra fazer as entrevistas, mas que no momento de meu desabafo já não se encontrava mais na redação).

Alguns jornalistas riram da história, mas não com maldade. E sim de surpresa em ver uma jornalista recém-formada dizer tão decididamente que não nasceu para tal profissão sem nem ao menos ter terminado de fazer o teste.

Foram todos muito simpáticos e me deram os parabéns pela descoberta e desejaram sorte na escolha que eu tinha feito. E como eu tinha comentado que o professor Carmélio tinha dito que esperava eu avisá-lo de que havia sido contratada, a produtora – que também foi aluna dele. Aliás, todos daquele jornal foram alunos dele! – disse que eu falasse para Carmélio que não fiquei no jornal porque eu não quis.

Agradeci a todos e pedi desculpas por ter atrapalhado o trabalho deles, mas saí do jornal como uma pluma. Leve! Aliviada! E muito, muito feliz mesmo, pois já não estou mais perdida em meio a uma variedade de caminhos. Agora tenho certeza absoluta de qual caminho quero seguir!!!

E o que quero é isso mesmo! Observar o mundo e transcrever as leituras que faço dele. É dividir o que eu sei e saciar minha sede de saber mais!

Estou feliz por saber o que eu não quero ser! O que eu não quero fazer!

Sim! É isso!

Jornalista sempre. Repórter jamais!!!

*Imagem retirada de:
http://esculacho.com/blog/wp-content/uploads/2009/03/jornalismo1.jpg

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