Sinto muito, mas, AGORA EU VOU FALAR!

A paradinha é a seguinte: hoje eu tô com vontade de mandar uma pá de gente tomar naquele lugar de aparência desagradável.

Eu não costumo dizer e nem escrever palavrões, mas hoje estou demasiadamente irada e por isso, vou abrir o verbo. Até poderia tentar dar uma maquiada nessa bosta de texto, contudo, não acho justo usar eufemismos para amenizar uma realidade que me revolta e me atinge diretamente. Sim! Porque eu poderia não estar nesta situação, mas, como eu sou ambiciosa, impulsiva e doida, acabo me tornando otária e cá estou eu em tal circunstância.

Isso aqui é um desabafo e quem por acaso aqui chegou e não se agradar do que ler, então saia do mesmo jeito que entrou, porque esse espaço é meu e eu falo o que quero e como quero! Foda-se! (1º palavrão e não vou seguir com a contagem porque sei que perderei a conta. ¬¬)

Vou começar dizendo que estou muito arrependida de ter inventado de lecionar justamente agora, na reta final de meu mestrado! Uma amiga minha costuma dizer que isso é bom para eu me sentir à vontade na hora da defesa, afinal, se eu enfrento uma sala de aula, com certeza vou encarar uma banca composta por dois professores convidados, com a maior naturalidade! HUMPF! Eu não preciso disso! Já defendi dois trabalhos de conclusão de curso e imagino que isto já sirva como laboratório! No quesito “defesa”, considero já ter experiência suficiente.

O fato é que sinto estar perdendo completamente o meu tempo com pessoas que não estão nem aí com nada! É certo que não posso estender o tal desinteresse a todos, mas caramba, tem gente ali que, sinceramente, não deve nem saber o porquê de estar fazendo um curso superior. Se é que se pode chamar de curso superior, pois há momentos que sinto estar dentro de uma escola técnica.

Quando me veio a oportunidade de lecionar eu pensei que era a chance da minha vida de mostrar que eu sou capaz, sabe? A chance de buscar ser igual aos professores que eu tive e admiro até hoje. E veja só no que me tornei: um nada! É isso que eu sou! Simplesmente nada, pois não vejo um pingo de interesse por parte do alunado em aprender, ao menos o pouco que eu sei, já que parecem achar que eu não sei muito. Então porra! Se acham que não sei o suficiente para ensinar a vocês, para quê insistiram tanto que eu me tornasse vossa professora? Sim! Porque eu poderia ter colocado em prática outros planos que eu tinha.

Na época em que ser professora era apenas coisa da minha cabeça, eu imaginava-me sendo útil, trocando conhecimento, ministrando aulas animadas por discussões produtivas. Quando pensei que isso ia se realizar, tudo foi por água abaixo. Percebi que para ser um docente de sucesso não depende apenas do seu poder de comunicação ou talento pra coisa não! É necessário que haja a participação dos alunos. É preciso que haja troca de idéias e conhecimento.

Até agora eu não aprendi nada. Eu estudo para preparar uma aula,
despejo
meu conhecimento para alguns gatos pingados e pronto! Volto vazia, me perguntando por que aceitei essa proposta.

Para eu não me sentir tão pra baixo, fico me convencendo que aceitei isso para adquirir experiência, aumentar pontos no meu currículo, até mesmo ter certeza se é isso mesmo que quero para minha vida. E há momentos em que vejo que não quero ser professora não! No entanto, acho muito precipitado de minha parte julgar meu futuro por um punhadinho de gente desinteressada. É! Vai ver eu só não dei sorte de pegar uma turma boa!

Pessoalmente, eu gosto dos alunos! Não tenho nada contra nenhum. Até me tratam com carinho, mas pô! Bem que poderiam dar uma força e facilitar o meu trabalho, né?

Ninguém percebe que meu objetivo maior é ser útil, é ajudar no crescimento profissional deles? Só tá faltando eu perguntar a cada um:
“Você pode me deixar te ajudar?”


Mas sabe de quem é a verdadeira culpa disso tudo? Da própria instituição. Aliás, instituições particulares são uma bosta mesmo!

É muito fácil falar das federais, dizer que são sucateadas, que tem greve, que os funcionários são mal educados e um monte de outras verdades, mas ao menos, as pessoas são tratadas conforme o que são: ADULTOS! PESSOAS QUE OU SABEM O QUE QUEREM DA VIDA OU ENTÃO QUE SE LASQUEM DE VEZ!

Instituição particular não! Trata aluno que nem criança. É hora de recreio, é semana de prova, aluno tem sempre razão porque o quê? Porque é CLIENTE, claro!

Aí tem neguinho da particular que diz:
“Na Federal, aliás, na UFPB tem umas pessoas que dizem que o compromisso da universidade não é com o mercado. Eles não estão formando pessoas para o mercado de trabalho e sim, cidadãos, seres pensantes! Isso está errado! Claro que nós devemos formar pessoas para o mercado de trabalho!”


Faz-me rir. Até conheço o professor da federal que disse isso. Fui aluna dele e pelo visto o tal professor não só disse, como DIZ sempre! E concordo plenamente. É óbvio que formar cidadãos é muito mais difícil. Porém, ao formar um cidadão, estamos formando pessoas para o mercado também. Melhor! Estamos formando profissionais que tem por objetivo, fazer a diferença. Não são meros técnicos, vítimas do mecanicismo não! São pessoas que questionam, criticam, opinam, argumentam, PENSAM!!!

Desculpa aí se isso vai ferir alguém de alguma forma, afinal, posso simplesmente estar me deixando levar pelo egocentrismo, mas a meu ver, tem muita gente que mete o pau nas federais pela simples frustração de não ter feito parte desse universo maravilhoso que é uma universidade pública. Gente!
É outro mundo!


Sabe, não aproveitei muito da federal, mas o pouco que usufrui fez de mim uma pessoa muito melhor que um mói de gente que conheço fora da UFPB. OBRIGADA MEU DEUS, POR SALVAR MEU CÉREBRO!

O ENADE está aí para avaliar o nível dos alunos, né? Lá vou eu PERDER HORAS DA MINHA VIDA, preparando revisões para a turma que fará a prova e o que eu ganho? Uma sala vazia sem viva alma! Olho em direção ao pátio e vejo uma “aluna minha”. A moça me encara, me vê na porta da sala e vira a cara! INFELIZ! Entro na classe e quando ligo meu mp4, aparecem dois alunos:
“Viemos fazer companhia!”
– até fiquei contente. Senti-me na obrigação de agradecer a presença deles. ABSURDO!!! Começo a tal revisão e depois damos início a outros assuntos: jornalismo, rádio digital, rádio na web, internet, mídias sociais etc..

Chego a comentar sobre a importância do ENADE. Faço um leve desabafo sobre o pouco caso da galera, de que se não se saírem bem nessa prova, vão se queimar para o resto da vida, pois seus diplomas vão ficar marcados pra sempre com algo do tipo:
“Vixe! Você se formou nessa faculdade?!”


Fui além e soltei um:
“Bom! Se a galera não se preocupa com o próprio futuro, eu é que não vou me preocupar, afinal, meus diplomas são de uma faculdade com nota 4. A melhor da Paraíba e a 5ª melhor do Nordeste!”
- NÃO É ÉTICO??? ENTÃO MORRA!

E em meio à conversa, confessei que não me sentia professora.
“Minha aula deve ser uma bosta já que ninguém fica para assistir, né?”
– os dois alunos disseram que não. É porque uma parte da turma não dá valor aos estudos mesmo. Não é nada pessoal. O problema é que todos estão no clima de fim de curso, todos estão tensos, preocupados, essas coisas.

Na volta para casa, fiquei pensando que essa turma já deve estar se sentindo profissional e por isso, não precisa aprender mais nada, com ninguém, pois já sabe de tudo. Ninguém precisa se preocupar. Eles vão se sair muito bem na prova do ENADE. Hum... ¬¬ vamos ver...

Depois refleti um pouco além disso e me lembrei que quando eu era apenas técnica do laboratório de lá, eu aprendia muito mais. Aprendi com outros alunos que tive a oportunidade de conhecer e que injustamente seriam prejudicados caso essa minha turma se saísse mal no ENADE, afinal, se uma instituição tem notas baixas, todos os alunos que fizeram parte dela, independente do período em que lá estudou, será marcado negativamente.

Então pensei nos meninos que eu trocava ótimas idéias: Rômulo, Moisés (Moisas), Hansen e o Hermessom. Confesso que tenho muito carinho por esses quatro rapazes, apesar de, às vezes, o Moisas me irritar bastante. Todavia, tenho que admitir que dos quatro é pelo Hermessom que nutro maior admiração.

O Hermessom é um rapaz muito inteligente e esforçado. Acho uma pena que ele não tenha feito parte de um lugar como a UFPB. O lugar onde ele se formou é pequeno demais para alguém como ele, que a meu ver, tem muito, muito potencial. Claro que ele não se deixou podar ou definhar, contudo creio que ele poderia ter pisado em solos mais férteis. Mais certo ainda é que não importa tanto se sua faculdade foi particular ou não, se o que realmente interessa é o interesse em aprender, crescer. Sei que do mesmo modo que há desinteressados nas federais, também há jóias raras nas particulares...

Sou suficientemente egocêntrica ao ponto de dizer que me identifico com o Hermessom. Eu não elogio as pessoas à toa. Eu não preciso disso. Tudo que consegui até hoje foi por mérito e competência. Não foi troca de favores nem piedade. Quando elogio, é de verdade! Sem esperar nada em troca. Somente enalteço pessoas nas quais enxergo brilho e que merecem saber o quanto são admiráveis, muito embora, haja o risco de meu elogio não ser importante para elas. Mas e daí? Eu falo o que penso e pronto! E o Hermessom merece todos os elogios e um futuro glorioso.

Fiquei triste de imaginar alguém como o tão citado e jovem Hermessom um dia ser prejudicado pela falta de compromisso dos formandos de hoje. Tudo bem que este rapaz é muito maior que seu diploma. Na verdade, este documento nem vale tanta coisa em área nenhuma. É só um papel. Mas não custa que este papel faça jus ao grande profissional que seu dono é! Se bem que o valor do diploma deve ser dado por nós. Eu por exemplo! O meu diploma tem um significado tão grande para mim que ninguém imagina. Oito anos de minha vida estão estampados naquele pedaço de papel. Meu diploma é encharcado de suor, não apenas meu, mas de toda a minha família. E eu continuo molhando o chão da UFPB com meu suor. Porque o meu mundo ainda é muito pequeno para mim e eu quero mais! Eu mereço mais! Era para os meus alunos pensarem assim:
“Eu mereço e quero mais!”
Tenho certeza que o Hermessom pensou e continua pensando assim! Ele já deve ter percebido que cresceu demais para seu próprio mundo e crescerá ainda mais.

É uma pena que meus alunos não tenham atentado pra isso. E sinceramente, não quero alertá-los. Não são crianças. São adultos sem maturidade. Comportam-se como fracos e eu não sinto piedade pelos fracos. Tô pouco me lixando se meus “superiores” vão me puxar a orelha, me chamar de imatura e dizer que esse não é o papel de uma educadora. NÃO QUERO SABER! EU JÁ DISSE QUE NÃO ME SINTO UMA EDUCADORA, ENTÃO FODA-SEEEEEEEEEEE!!!!

Nossas realidades são muito diferentes. O mundo deles é muito, muito pequeno para mim e eu não consigo me adaptar. Isso me lembra o que minha professora de Introdução a comunicação disse quando eu era fera em Rádio e TV:
“Quando chegamos a um nível muito alto, não conseguimos mais voltar a um nível inferior”
. É assim que me sinto hoje.

Podem achar que é prepotência de minha parte. Não me importo. Tenho orgulho de ter chegado aonde cheguei. De ter me tornado o que me tornei. Não vou regredir para me fazer entender e nem agradar ninguém.

Quem faz a faculdade é o aluno. A universidade onde “habito” é a melhor da Paraíba e a 5ª melhor da região porque é formada por pessoas que pensam como eu e além. Pode parecer que estou cuspindo no prato que como ao me referir de forma tão negativa ao local onde trabalho, mas isso é o que me parece ser a verdade. Se eu estiver errada, dane-se! Não vou voltar atrás a não ser que me convençam de forma inteligente. Do contrário, encerro esse texto com a pergunta que eu gostaria de fazer a maior parte dos meus atuais alunos:
“Vocês pagam mensalidade ou prestação?” – confesso já saber a resposta, ainda que todos neguem...

Comentários

  1. Otimo texto!estudei em faculdade particular e sei bem como sao os alunos de lá, tratam mal os professores acham que sao empregadinhos deles que tem que ficar passando a mao na cabeça toda vez que o aluno faz merda, nao tem o menor respeito a figura do professor e poucos tem interesse pelo oque o professor quer ensinar, tao pagando né tem mais que passar! bando de filhos da puta! (salvo raras excessoes)

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