Mersdrado
Para quem, por acaso, se intrigar com o título deste post, EXPLICO: refere-se ao meu fatigante mestrado... ¬¬
(suspiro)
Aos que nem imaginam, após defender minha dissertação e ser "aprovada com distinção", fui cobrada várias vezes a reescrever o meu tenebroso primeiro capítulo. O reescrevi umas três vezes e minha "ilustre" orientadora não se dava por satisfeita, sempre "me lembrando" que eu devia "honrar o nome dela, cuja palavra foi dada de que EU reescreveria o tal capítulo com a mesma qualidade do restante do trabalho" e blá, blá, blá...
Resumindo a história, um dia eu cansei, me enchi da situação e soltei os cachorros na orientadora, deixando muito claro para ela, que eu não ia mudar mais nenhuma linha daquela merda de trabalho, pois a bosta do texto me pertencia, era a mim que cabia qualquer responsabilidade (embora em momento nenhum passou pela minha cabeça desonrar o nome dela, mesmo porque, se o texto é meu, é o meu nome que deve ser julgado...), que eu também tinha que ter autonomia e o livre arbítrio de escolher até que ponto eu deveria seguir a risca tudo o que ela me dizia. Enfim, o mestrado para mim tinha acabado, o título era sim o mais alto do meu currículo (como ela fazia questão de frisar sempre), mas não o mais importante DA MINHA VIDA! Eu não fazia conta da distinção, pois isso não mudaria nada no meu futuro e muitas reticências e tal, bati o maior bocão com ela e eu, por muitos dias, pensei que ia perder o maldito mestrado porque não ia conseguir depositar a dissertação pela falta da assinatura da orientadora no termo de autorização.
Pois bem! A novela se desenrolou por muitos dias, procurei o pró-reitor de pós-graduação, que claro, deu razão à professora! E por que ele faria diferente? Onde já se viu, um professor dar apoio a aluno? Nam! ISSO É INADMISSÍVEL! Aluno lá é gente???õO Ainda mais um que afronta o orientador de mestrado e ainda desliga o telefone na cara dele enquanto ele fala! Ah vá!
Depois conversei com uns amigos professores em programas de pós-graduação, amigos que pagaram disciplinas comigo na porra desse mestrado (não gosto de falar palavrão, mas esse título me dá nos nervos!!! ¬¬), e amigos e mais amigos que me deram total apoio e grandes mostras de amizade.
Enfim, conversei com a coordenadora do próprio programa onde fiz a pós-graduação. Esta foi muito solidária, muito simpática e se dispôs a resolver o meu caso da melhor forma possível, tranquilizando-me logo em seguida, ao afirmar que eu não perderia o mestrado.
Sim! Por que o que me amendrontava não era a perda do título em si. Eu tô me lixando se ser mestre, doutor ou pós-doutor impressiona ou não! O que me atormentava era a ideia de passar dois anos estudando feito uma louca, renunciando muita coisa boa, adoecendo e perdendo noites de sono, para no final descobrir que foi tudo em vão. Que eu não teria a prova de que eu me esforcei (E MUITO!) para chegar onde cheguei. Ou seja, eu teria um nível a mais de conhecimento, mas sem comprovação.
Todavia, tudo foi conversado, as águas foram se acalmando, o tempo passando e ontem pela manhã, finalmente, consegui o tal termo de autorização devidamente assinado pela minha orientadora, depositei a dissertação na Biblioteca Central, entreguei o restante da documentação necessária para a coordenação da pós e daqui a sessenta dias, serei uma mestra com diploma!!! \o/ ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊêêêêêê ê ê ê ê ê ê ê ê ê ê ê ê ê ê .... óò
(suspiro)
É! Senti alegria logo no começo, porque a novela acabou! Ou melhor dizendo, findou-se o filme de terror que me tirou algumas noites de sono e quantidade razoável de lágrimas...
No entanto, não me sinto nem um pouco feliz... pelo contrário! Cada vez que penso nesse título, sinto-me mal! Pior! Sinto-me IMUNDA! Mais que um título, é uma ferida aberta. E tenho a nítida impressão que nunca vai cicatrizar.
Aprendi muitas coisas com as dores causadas pelo processo do mestrado e uma delas foi que ninguém é melhor que o outro. E muito menos que um pedaço de papel vai fazer de mim uma pessoa melhor do que sou. Tenho muitos defeitos, eu sei. Porém, graças a Deus, consigo admitir a maior parte deles!
Aprendi a desconfiar dos que sabem muito e agora tenho a certeza que não quero ser igual a eles...
A academia não me interessa mais como antes e boa parte da admiração que eu tinha por esse universo se dissipou.
Hoje, digo com todas as letras que sou uma MERSDRA! Não só porque, hoje eu nutro um sentimento de ódio profundo pela minha porcaria de mestrado, mas principalmente por conta das descobertas que fiz acerca do mundo acadêmico e acabar fazendo parte dele...
Oi Roberta! Pois eu vivo sonhando com o dia em que vou ser mestre também. Vivo adiando esse sonho. É muito triste imaginar que ele pode deixar as mesmas feridas abertas que deixaram em você. Beijo e parabéns pelo sofrido título!
ResponderExcluirOwwwwun, Bruno! Espero que a amargura de meu post não influencie de forma nenhuma no seu sonho, viu?
ResponderExcluirTodos os mestres e mestrandos que conheço se queixam dessa fase, dizendo que esta é muito sofrida mesmo, mas nem todos tiveram um fim tão "trágico" como o meu! ehehe
No meu caso, essa tragicidade toda até está no contexto, visto que meu objeto de estudo foi a tragédia "O Pagador de Promessas"!!! rsrs
Mas corra atrás do seu sonho e o realize. Desejo que seu final seja muito feliz e brilhante, pois vc merece! bjs e muito obrigada pela visita e parabéns! ^^