Despedida "espetacular"
Quando eu cursava Jornalismo, aprendi que o jornalista não deveria ser o foco da notícia.
Obviamente entende-se que todo caso é um caso. O fato é que vejo jornalistas cada vez mais transformados em superstars, ou seja, são estrelas de TV e não mais meros portadores da notícia. E embora eu não tenha seguido a carreira jornalística – e sequer desejo tal coisa! – essa situação me incomoda bastante.
Eu vejo jornalistas locais agindo como heróis, cheios de conselhos, sermões, comentários sem sentido, debochando e julgando atitudes. São humanos, eu sei, e esse lance de imparcialidade é muito difícil de manter diante dos absurdos que vemos todos os dias, mas CARAMBA! SEJAMOS PROFISSIONAIS!!! É preciso adequar o discurso ao gênero do programa, ué! No meu tempo, jornalismo policial não era entretenimento!!!!
E o pior é que os caros colegas, com suas performances nada interessantes, muitas vezes beirando o ridículo, estão cada vez mais caindo no gosto do povo! Até os criminosos os idolatram! Talvez porque se identifiquem, uma vez que entre esses “valorosos” profissionais encontram-se verdadeiros assassinos, mesmo que seja, apenas, da Língua Portuguesa!
Porém, o que me traz aqui hoje não são os comunicadores locais e sim o excesso que venho observando nas últimas edições do Jornal Nacional. CARA! O QUE É AQUILO???!!!
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| William Bonner, Fátima Bernardes e Patrícia Poeta: juntos protagonizaram o bloco mais ridículo do Jornal Nacional (edição de 05/12/11). |
Achei uma babaquice todo aquele espetáculo só porque Fátima Bernardes deixou a bancada do citado telejornal. O QUE NOS INTERESSA se o famoso “casal nacional” separou-se em nossas telas???!!! Por acaso a imagem de casal perfeito vai se desfazer por isso? Sim, porque há anos que William Bonner e Fátima Bernardes vem sendo idolatrados como o par ideal, a verdadeira imagem da relação perfeita! Com o casal ocorre a mesma situação que ocorreu com a Sandy durante toda sua juventude, quando ela era vista como a garota perfeita: bonita, bem sucedida, inteligente, filha e irmã exemplar, recatada, educada, gentil e virgem! ¬¬ ME POUPA!!!
William no seu twitter (sim! Eu o sigo!) fica dando uma de “tio” como prefere ser chamado por seus fãs/seguidores, ao mesmo tempo que parece criar em seu microblog, uma atmosfera familiar, em que todos participam de sua vida, lhe dão sugestões, opinam sobre a gravata que deve usar durante o telejornal, vêem fotos de seus prêmios e as listras de seu pijama. Nouuunsssssa! Muito interessante... ¬¬
É certo que volta e meia são noticiados prêmios recebidos por alguns profissionais que realizaram grandes reportagens! Acho isso justo no sentido de que alguns trabalhos devem ser reconhecidos pela importância que tem para a sociedade e até mesmo o fato de alguns jornalistas terem tanto amor ao trabalho e encará-lo com tamanha seriedade que chegam a arriscar suas vidas, reafirmando seu compromisso com o povo, denunciando injustiças, falhas, irresponsabilidades, etc. Mas preparar grandes matérias para valorizar a pessoa em si, desculpa, eu acho demais em certos casos!
Vendo essa badalação em volta da “despedida” da Fátima Bernardes, fiquei me perguntando: "o que há de tal especial em sua figura?" Sim, porque se for pra supervalorizar determinados profissionais, a Fátima Bernardes não é a única excelente apresentadora que passou pelo Jornal Nacional.
Não me lembro de terem feito tanto estardalhaço quando o Cid Moreira saiu do citado telejornal. Tem pessoa mais a cara do JN que ele? O quê? A Fátima esteve na bancada por 14 anos? E DAÍ? Quantos anos o Cid esteve lá também? Simplesmente 27 anos!!!
A saída da tal apresentadora é um marco na história da TV brasileira??? Não acho! O primeiro negro a apresentar o Jornal Nacional, chegou lá, sentou numa noite qualquer e ninguém nem reparou! ¬¬ Lembro até que quando eu cursava Rádio e TV, um colega de sala ficou muito chateado por causa disso, pois ele queria muito um dia ser o primeiro negro a apresentar o JN. Até escreveu um texto intitulado “O ladrão de sonhos”!!! ehehe Hoje eu dou uma risadinha, porque daqui que ele chegasse ao padrão Globo, muitos colegas negros já teriam chegado lá, no entanto, naquela época, quando todos nós comungávamos dos mesmos ideais no que se referia a nos tornarmos grandes comunicadores, independente de qualquer emissora, sua chateação foi muito comovente.
Não lembro de terem feito retrospectivas da vida profissional de Glória Maria quando ela saiu do Fantástico. Recordo-me bem de ver notas na internet, nas quais a citada jornalista dizia que se afastava porque queria realizar projetos pessoais e tirar dois anos de férias. O que a Fátima vai fazer não me parece grande coisa! Então pra quê essa lenga-lenga toda? É só sair do JN, estrear um novo programa e PRONTO!!! Não precisa de nada além das chamadas do novo programa, durante a grade de programação da emissora.
No entanto, foi demonstrado claramente que a preocupação era encontrar uma jornalista a altura da Fátima, isto é, alguém que mantenha o padrão e independente de quem fosse a escolhida, esta deveria se sentir honrada, não em apresentar o JN e sim em estar no lugar da Fátima Bernardes! QUÊ ISSO???!!! Como diz Boris Casoy: ISSO É UMA VERGONHA!!!
E aqueles profissionais que volta e meia apresentam o JN quando o Casal Nacional não está presente? Eles são apenas reservas? Só entram quando o time tá desfalcado? Só são bons na hora do aperto é? Para mim não faz diferença nenhuma em quem apresenta o telejornal, pois o que me interessa nesse programa são AS NOTÍCIAS e não os engravatados e escovadas da bancada! Eles são meros emissores para mim! Ou para você é diferente? São modelos de alguma coisa para você? Para mim não!
Graças a Deus, a minha fase de querer ser igual a um determinado alguém já passou! E confesso que quando comecei meu curso de Comunicação Social, ainda na primeira habilitação (Rádio e TV), eu tinha um modelo de profissional de Comunicação que eu desejava ser. Mas diferente de todas as minhas colegas que sonhavam ser a Fátima Bernardes, eu sempre quis ser a Glória Maria. E ainda hoje, ela tem toda a minha admiração! O que mudou é que não desejo ser uma estrela de TV. Se assim o desejasse, eu teria me tornado atriz!
E finalmente, para encerrar esse texto enfadonho, que provavelmente você deva estar achando uma inutilidade tal qual a badalação em volta da ilustre Fatinha, só me resta dizer:
“Menos, querida! Menos! Quase nada...” ¬¬

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