Dívida bem paga!


"A língua paga"!!! É o que muitos dizem e um número ainda maior comprova! Eis que vos fala mais uma que está nas estatísticas de pagadores...

Pois passei toda a infância, adolescência e início da juventude, rindo da sensibilidade de minha mãe, que se emociona e chora facilmente com o que vê na televisão ou história que ouve.

Lembro de uma vez em que ela viu no Jornal Nacional, uma cena em que um homem era arrastado para trás de uma combe e de lá ouvia-se o som de tiros. Minha mãe, em frente à tv, clamava por  Deus, pedindo "Senhor! Tende misericórdia!" enquanto derretia-se em lágrimas. Eu, criança "boa" que era, embora chocada com a cena da tv, tinha o íntimo revirado por uma vontade imensa de rir da própria mãe, pois em minha "inocência" de menina, mais chocante que um tiro atrás de um carro era ver alguém sofrer por um estranho.

E pela consciência que sempre tive, desse meu espírito "mau", nunca acreditei que um dia pudesse parecer com a minha mãe. Não poucas vezes eu disse: "Jamais chorarei como ela!"

É aí meus amigos, que a vida nos dá sua rasteira. Às vezes traiçoeira, ela fica de tocaia só esperando o momento certo de virar a moeda. Paciente como ela só, vai deixando o tempo passar enquanto nos modela, nos transforma, fazendo uso de todo tipo de ferramenta. Pelo amor, pela dor, por todo tipo de experiência, a vida nos ensina e um dia cobra a dívida! E muitas vezes, a paga mais dolorida é a da língua, pois palavra dita não volta, apesar de seu poder!

Pois bem! Paguei direitinho! Mas não fico triste por isso. Pelo contrário! Fico feliz e aliviada. Afinal, quando me vejo chorando com propagandas de farinha de trigo, com idosos revivendo lembranças no meio de suas conversas, com o sorriso de uma criança, etc, percebo que não só fiquei igual à minha mãe como ainda fui além dela. 

Descobri há pouco tempo, que herdei a sensibilidade de minha mãe. Escondo esta herança para me sentir segura (embora eu ainda não saiba de que tenho medo). Mas faço uso dela sempre que tenho oportunidade, visto que me sinto afortunada. Mais que pagar a língua, eu aprendi uma lição que me transformou, abrindo meus olhos e coração para enxergar o mundo de outra maneira.

Hoje, choro mais que a minha mãe! Choro o que vejo, o que ouço, o que sinto, o que penso. Choro o passado, o presente e o amanhã...

Comentários

  1. LIndoooooooo...... e eu choro de saudades de ti :)

    Te amooooooooo

    Eudis

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  2. Ouuuuuuun! Morro de saudades de ti! Amo vc! ^^

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