Merida ou Merobis, o importante é ser valente

Depois de parentes e amigos assistirem ao filme “Valente” (Brave, 2012) e comentarem que a protagonista (Merida) parece comigo em alguns quesitos – respectivavamente: cabelo assanhado; jeito de andar; não querer casar e gênio forte -, resolvi comprová-los.

Pois bem!  De início, eu tenho que admitir que o pouco contato com a escova de cabelo parece ser nosso ponto mais em comum! rsrs... Mas na verdade, a Merida tem um jeito de pensar muito parecido comigo. Principalmente no que se refere à liberdade.

Esse tema me parece claro em "Valente". Merida quer ser livre, fazer o que bem entende, mas sua mãe fica o tempo todo dizendo-he como uma princesa deve se comportar. Não é assim que vivemos todos nós? Agindo da maneira como a sociedade impõe que devemos agir de acordo com nossa idade, gênero, classe social e grau de estudo? Eu imagino que todo mundo nessa vida já deve ter negado ou feito algo porque sabia que se fosse sincero, seria repudiado ou vítima de algum comentário desagradável.

Se olharmos bem para a animação aqui comentada, Merida e sua mãe representam, respectivamente, indivíduo e sociedade. E o que é mais interessante: essa representação se fortalece pelos cabelos! 

Enquanto a jovem princesa tem os volumosos cabelos desgrenhados e ao sabor dos ventos, sua mãe tem os seus presos em longas tranças. É como se a rainha, estivesse atada, ou seja, presa a todas as regras impostas pela nobreza e sua obrigação é repassá-las para sua primogênita.  Não por acaso, ao ser apresentada aos pretendentes, Merida é forçada pela mãe a usar uma roupa que cobre seus cabelos e sempre que puxa uma mecha destes para fora da “touca”, a rainha empurra de volta a madeixa, como se tentasse reprimir a filha que, teimosamente, puxa outra vez a tal mecha, deixando-a pendurada entre seus olhos, como um sinal de que por mais que tentem sufocá-la, permanecerá dona de sua vontade, agarrando-se a qualquer fio de liberdade que ainda possa existir. Na primeira oportunidade que tem de libertar-se das “amarras sociais”, Merida, praticamente, rasga o vestido de festa e solta seus cabelos ruivos, cujo tom alaranjado parece expressar extrema sede de viver intensamente.

Jovem, com uma vida inteira pela frente, com tantas coisas ainda para experimentar, Merida se enfurece com a ideia de casar-se! “Eu não quero que minha vida acabe!” – ela diz em um desabafo sobre o casamento quase arranjado. É uma frase pesada. Afinal, quem disse que a vida acaba depois do casamento? Talvez muitas pessoas, depois de brigas nas crises do matrimônio... Mas de certa forma, acho que algo acaba sim depois do casamento. Sabe o quê? A tal liberdade!

Engraçado eu ter ouvido essa frase da Merida, pois ainda essa semana, expliquei para minha irmã o motivo de eu não querer casar. É! Eu não quero casar!!! Não tenho nada contra o casamento, DOS OUTROS! Mas para mim, isso não é papo! Talvez eu esteja enganada, mas temo perder minha liberdade. Não me agrada a ideia de ficar dando satisfação a alguém, deixar de fazer coisas que gosto só porque o outro e/ou a sociedade pode achar que tais atos são infantis e, por isso, não estão dentro do padrão de atitudes esperado de uma mulher casada!

E daí se eu jogo videogame, assisto desenhos, durmo até tarde, saio quando quero, com quem eu quero, se mudo de humor rapidamente, se dou risada de besteiras, danço no meio da sala enquanto varro a casa, cozinho o que quero, quando quero, falo com gato e cachorro, converso sozinha, faço careta na rua cada vez que penso uma bobagem, não tenho pena de ninguém, como deitada de frente à tv a qualquer hora do dia, abuso rápido o meu trabalho e qualquer coisa que esteja fazendo por muito tempo e me afasto daqueles que estão sempre muito perto de mim, e cujo excesso de presença me cansa?

Enfim, casamento pra mim é sinônimo de mesmice e de uma prisão representada por responsabilidades que não quero ter! Não gosto nem de pensar em ter alguém ou “alguéns” dependendo de mim, esperando por mim a toda hora. Massssssss... já que a vida é cheia de surpresas e adora dar rasteira na gente, é bem capaz que, num futuro não tão distante, eu venha aqui publicar um texto, expressando toda a minha alegria em ser esposa e mãe amorosa de três ou mais  pirralhos remelentos, toda cheia de orgulho e felicíssima com a vida de rainha do lar. Ou quem sabe, apareça depois com outro texto, dizendo: “Eu nunca deveria ter me apaixonado por aquele traste!!!” A vida é uma incógnita, vocês sabem! Então deixemos o futuro se aproximar com suas surpresinhas. ¬¬

Mas voltando à minha leitura do filme...

Merida parece ser vista pela mãe como uma criatura selvagem. De fato, com aquela moita alaranjada na cabeça e um tacape nas mãos, Merida facilmente seria confundida com uma mulher das cavernas. Eheheh

Porém é belo quando a mãe, mesmo sem querer, torna-se uma criatura selvagem de verdade! E como tal, experimenta, ainda que por breve tempo, durante uma brincadeira no rio com a filha, a verdadeira liberdade, longe de todas as regras sociais. Essa troca de experiências fará com que as duas mulheres, de pensamentos tão diferentes, aprendam, cada uma, a respeitar os pontos de vista da outra.

É interessante ver a rainha cavalgar ao lado da filha, sem usar tranças. Seus cabelos, ainda que bem penteados, agora estão soltos, fortalecendo a ideia de liberdade e individualidade, indiretamente expressada durante uma fala do rei ao imitar a própria filha: “...quero deixar meus cabelos soltos ao vento...”

Pois bem! Então, sejamos todos cabelos ao vento, seguindo o caminho que nós mesmos resolvermos traçar... 


P.S: Aposto Jatobá, que você achou que Merida anda igual a mim, quando viu aquela primeira cena dela caminhando para dentro do salão em direção a seus pais, né? Realmente, às vezes eu sou desengonçada daquele jeito! kkkkkkkkkkkkkk


*Imagem retirada de:

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